Realizado e estreado pouco antes de OS VERDES ANOS de Paulo Rocha (o filme de Artur Ramos chegou às salas em maio de 1963 e o filme de Rocha estrear-se-ia em novembro), PÁSSAROS DE ASAS CORTADAS é, à semelhança do que se pode dizer do DOM ROBERTO de Ernesto de Sousa, uma das obras prenunciadoras do Cinema Novo Português – uma obra de transição, procurando novas intenções e um novo tom, feita por uma equipa mista em que colaboraram alguns técnicos da fase anterior. Talvez precisamente devido a esse carácter transitório, trata-se também de um filme muito mais esquecido, e, por arrasto, visto desde a época em cópias de menor qualidade. Na Cinemateca, onde passou apesar de tudo com alguma regularidade, foi de facto visto, até hoje, em cópias que considerámos insuficientes, tendo isso levado a um novo trabalho laboratorial. É então o resultado desse trabalho que agora se apresenta, dando continuidade ao objetivo principal da rubrica, que é o resgate do esquecimento e a revisitação de todas as áreas e épocas do cinema feito entre nós.