CICLO
Que Farei Eu com Esta Espada?


No primeiro dos últimos quatro meses dedicados ao programa com que celebramos ao longo de 2024 os 50 anos do 25 de Abril apresentamos a proposta de filmes para a Liberdade e a Revolução, eixos que encerraremos em novembro (alternando, em outubro e dezembro, com os eixos Comunidade e Futuro).
 
LIBERDADE
A fuga marca o elogio da liberdade de setembro em sete sessões que giram à volta de espaços concentracionários ou do trabalho, percursos condicionados e libertações. Os filmes chamados ao diálogo “Que Farei Eu Com Esta Espada?” são dos irmãos Lumière, Jean Renoir, Sacha Guitry, Luis Buñuel, Don Siegel, Amir Naderi, Edgar Pêra, Jerzy Skolimowski, Edgar Feldman e Luís Filipe Rocha, estes dois últimos num uníssono que evoca a histórica evasão de António Dias Lourenço do Forte de Peniche em dezembro de 1954.

REVOLUÇÃO
Mais um programa de filmes que refletem sobre revoluções, inspirações e figuras revolucionárias, ou que se inserem eles próprios num movimento revolucionário. É este, sobretudo, o caso das curtas-metragens de Santiago Álvarez, o mais emblemático dos cineastas da revolução cubana, embora, com outro tipo de distância (às vezes mais aberta à ambiguidade), COMMENT YUKONG DÉPLAÇA LES MONTAGNES, de Joris Ivens e Marceline Loridan, seja também um testemunho in loco de uma “revolução dentro da revolução” (a China no élan da Revolução Cultural de Mao). Os outros filmes reconstituem momentos históricos: as lutas contra o colonialismo esclavagista no Brasil do século XVIII (em GANGA ZUMBA), a revolução mexicana (VIVA VILLA!), a unificação italiana (1860, de Blasetti), a vida de uma figura tão poderosamente implantada no imaginário das lutas pela justiça racial e social nos Estados Unidos (no MALCOLM X de Spike Lee). Num espaço um pouco à parte, como meditação sobre uma educação política e sentimental, o programa completa-se com PRIMA DELLA RIVOLUZIONE, de Bertolucci, talvez o mais belo filme do seu autor.
 
 
27/09/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

Viva Villa!
Viva Villa!
de Jack Conway
Estados Unidos, 1934 - 115 min
 
28/09/2024, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

O Segredo | A Fuga
28/09/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

1860
de Alessandro Blasetti
Itália, 1933 - 80 min
30/09/2024, 16h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

Prima Della Rivoluzione
Antes da Revolução
de Bernardo Bertolucci
Itália, 1964 - 100 min
30/09/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

O Trabalho Liberta? | Sortie Des Usines Lumière À Lyon | On Purge Bébé
27/09/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Que Farei Eu com Esta Espada?
Viva Villa!
Viva Villa!
de Jack Conway
com Wallace Beery, Fay Wray, Leo Carrillo
Estados Unidos, 1934 - 115 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Revolução
VIVA VILLA! foi um filme crucial para a criação de uma mitologia de Pancho Villa, aqui fixada a partir dos traços de Wallace Beery (e duas décadas depois, o VIVA ZAPATA!, de Elia Kazan, foi um eco explícito deste filme). Uma produção ambiciosa de David O. Selznick, rodada quase integralmente no México, mas muito acidentada – os trabalhos duraram cerca de dois anos (prazo nada habitual no rápido regime hollywoodiano daquela época), houve trocas de atores, várias reescritas do argumento (que na base era um trabalho de Ben Hecht), e uma sucessão de realizadores (antes de Jack Conway, trabalharam no filme Howard Hawks e William Wellman). Apesar das vicissitudes, foi um razoável sucesso na bilheteira, e nem falhou o encontro com o certificado de “prestígio” de várias nomeações para os Oscars, incluindo a de melhor filme.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui

 
28/09/2024, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Que Farei Eu com Esta Espada?
O Segredo | A Fuga
Liberdade

projeção seguida de conversa com Edgar Feldman,Luís Filipe Rocha, José Pacheco Pereira e Domingos Abrantes

O Segredo
de Edgar Feldman
com António Dias Lourenço
Portugal, 2008 – 25 min

A Fuga
de Luís Filipe Rocha
com Luís Alberto, José Viana, Miguel Franco, Carlos César, Maria do Céu Guerra, Costa Ferreira
Portugal, 1977 – 109 min

duração total da projeção: 134 min | M/12

A fuga do preso político antifascista António Dias Lourenço (1915-2010) do Forte de Peniche em dezembro de 1954 está no centro de O SEGREDO, de Edgar Feldman, e de A FUGA, de Luís Filipe Rocha. Essa fuga solitária do histórico dirigente comunista é a mais espetacular das fugas portuguesas, um extraordinário feito de coragem e um símbolo da luta pela liberdade, do combate e da resistência à repressão do Estado Novo. Feldman filma o testemunho de Dias Lourenço, aos 94 anos, evocando os anos de prisão da cadeia de alta segurança de Peniche e a evasão após um mês de castigo na cela-cubículo sem luz conhecido como “segredo”. Inspirado na experiência do mesmo Dias Lourenço, a primeira obra de ficção de Luís Filipe Rocha é um importante título da “filmografia de Abril”, filmado em Lisboa, Caxias e Peniche pouco tempo após o fim do jugo da ditadura portuguesa. A narrativa segue o quotidiano de um preso político, o seu julgamento em tribunal plenário, as torturas que lhe foram infligidas ou a fuga por mar, concentrando-se na questão do encarceramento e no espaço concreto daquele lugar de cárcere recentemente transformado em Museu Nacional Resistência e Liberdade. A FUGA a exibir em cópia digital.

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28/09/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Que Farei Eu com Esta Espada?
1860
de Alessandro Blasetti
com Aida Bellia, Giuseppe Gulino, Gianfranco Giachetti
Itália, 1933 - 80 min
llegendado eletronicamente em português | M/12
Revolução
Um dos trabalhos mais famosos de Alessandro Blasetti, precursor do neorrealismo, e o filme que abriu o período de reconstituições históricas na década de 30. 1860 conta um episódio da campanha de Garibaldi na Sicília, para a libertação da Itália do domínio dos Bourbons, sendo a ação vista através dos olhos de um camponês, testemunha dos eventos.

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30/09/2024, 16h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Que Farei Eu com Esta Espada?
Prima Della Rivoluzione
Antes da Revolução
de Bernardo Bertolucci
com Adriana Asti, Francesco Barilli, Morando Morandini
Itália, 1964 - 100 min
legendado em português | M/12
Revolução
“Quem nunca viveu antes da revolução, não conheceu a doçura de viver.” A célebre frase de Talleyrand (que se referia especificamente à Revolução Francesa) é citada em epígrafe nesta segunda longa-metragem de Bertolucci, à qual também serve de título. O filme é a história da educação sentimental de um jovem burguês de Parma, às voltas com um envolvimento sentimental incestuoso com a tia e com a relação com o seu mentor intelectual, um pensador mar­xista. Um filme ao mesmo tempo confessional e intelectual, magnificamente realizado, talvez a obra-prima do realizador, então com 24 anos.

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30/09/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Que Farei Eu com Esta Espada?
O Trabalho Liberta? | Sortie Des Usines Lumière À Lyon | On Purge Bébé
Liberdade
O Trabalho Liberta?
de Edgar Pêra
com Paulo Varela Gomes, António Vaz Pinto,
Paulo Borges, Agostinho da Silva, António Bracinha Vieira, Herman José, Ruben de Carvalho
Portugal, 1993 – 25 min

Sortie Des Usines Lumière À Lyon
de catálogo Lumière
França, 1895 – 50 seg / mudo, sem intertítulos

On Purge Bébé
de Jean Renoir
com Marguerite Pierry, Jacques Louvigny, Michel Simon
França, 1931 – 52 min / legendado eletronicamente em português

duração total da projeção: 78 min | M/12

No filme-ensaio em vídeo O TRABALHO LIBERTA? Edgar Pêra propõe uma interrogação sobre o poder emancipatório do trabalho. Para o fazer coloca a demolidora questão – ensombrada pela sua associação aos campos de concentração da Alemanha nazi – a várias figuras portuguesas. SORTIE DES USINES LUMIÈRE À LYON é o título mítico inaugural do cinematógrafo Lumière, uma tomada de vista de que existem três versões filmadas, a primeira em 19 de março de 1895, captando uma saída dos operários da fábrica Lumière, em que estes envergam os aventais de trabalho; e as duas outras, em meses seguintes, captadas ao domingo e com os operários em “traje de domingo”. ON PURGE BÉBÉ é o primeiro filme sonoro de Jean Renoir, com ruídos de penicos e autoclismos, uma comédia teatral adaptada de uma peça de Georges Feydeau sobre um bebé a cuja obstipação é preciso acudir. É simultaneamente um retrato trocista da burguesia francesa imaginado e realizado por Renoir em três semanas, a pensar em LA CHIENNE. Renoir sempre subestimou ON PURGE BÉBÉ como um filme de passagem ou conveniência. Falsas aparências, viu João Bénard da Costa: “acima de tudo, um prodigioso exercício de direcção
de actores […] só não se desmancham as aparências que, desde o início, estavam desmanchadas.”


consulte a FOLHA DA CINEMATECA de O TRABALHO LIBERTA? e SORTIE DES USINES LUMIÈRE À LYON, aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de ON PURGE BÉBÉ, aqui